quarta-feira, 6 de julho de 2016

Os fios da harmonia partiram ao encontro um do outro sem "poréns", nem "porquês". Os fios partiram ao encontro, partiram mas jamais se despediram.
De bater o olho, bate o coração. De fechar o olho, bate a saudade. De respirar, suspira. De suspirar, sonha. De sonhar, a alma submerge do mais sombrio sono.

Depois de tanto apanhar da vida, todo mundo merece ser feliz, correto? Depois de tanto sonhar, e algumas vezes desacreditas, porque não? Somos humanos. Somos carne, osso e coração (em alguns casos, muito mais coração que todo o resto).

Acontece que a vida vez em quando, se mostra doce e bonita. Não fácil, nunca disse que as coisas duradouras e verdadeiras são fáceis, rápidas ou casuais. Ok, até que há exceções. Mas exceções, correto? Eu desconfio de histórias sem conflito, sem saudade, sem medo de sofrer, sem nenhuma batalha. 

Não precisa ter tudo, mas não tem como não ter nada, entende?! Uma busca, batalha, seja lá do que queiramos chamar é o preço que se paga pela felicidade. Imagina calhar de todos serem felizes sem almejarem ao menos um tiquinho a "tal da felicidade"?! Imagina o tanto de gente insatisfeita pela ausência do tempero?! 

Sim. Tempero. Saudade dá margens a imaginação, Espera traz a ânsia pelo encontro, "Insegurança" motiva o cuidado. 

domingo, 24 de janeiro de 2016

Canção para minha morte, por Raul Seixas....

(...)Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas... Um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...

Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Não, não gosto de estar sozinha. Mas toco a minha vida numa boa


Acho que de fato ninguém é sozinho por opção. Acredito sim que muitas pessoas optam por ficarem sozinhas porque preferem a falta de um parceiro a um parceiro incompatível.

Acho que de fato ninguém é sozinho por opção. Acho que todos ou praticamente todos nós nascemos para o encontro. Não me refiro a casamentos formais. Me refiro a relações de um modo geral, com diversos graus de comprometimento. Cada um tem o seu jeito de viver o amor. E independente de ser uma relação mais tradicional ou mais solta, ter alguém faz falta.
Acredito sim que muitas pessoas optam por ficarem sozinhas porque preferem a falta de um parceiro a um parceiro incompatível. E quando uso o termo incompatível, me refiro a muitos tipos de incongruência, que podem ser de natureza intelectual, emocional, sentimental etc
O que se fazer quando se deseja alguém que não se interessa por nós? Se atirar nos braços de alguém que se interessa para passar o tempo e fingir que está fugindo da solidão? Talvez, algumas pessoas se sintam realmente melhores desta forma. Mas quando a fidelidade ao próprio coração fala mais alto e não basta sentir braços ao redor do nosso corpo para mergulhar na deliciosa sensação do aconchego amoroso, tudo que nos resta é ficar sozinhos.
Embora o lema a fila anda e a catraca gira seja tentador quando se deseja ter alguém, na prática não é tão simples assim para muitas pessoas. É difícil esperar por aquele convite que não vem, por alguma palavra assertiva que confirme o texto que lemos no olhar do outro. É difícil ver a esperança perdendo as forças dia a dia e o desejo se desmilinguindo por falta de reciprocidade. É sempre uma pena quando o amor é abortado, antes mesmo de se tornar amor.
Mas se não podemos usufruir de momentos especiais com quem desejamos e se a companhia de outro parceiro não nos satisfaz, restam muitas opções. Se não é possível sufocar o desejo do dia para a noite, se a nossa catraca anda emperrada, ok. A vida é cheia de possibilidades. A falta de um parceiro amoroso não deve ser motivo para ficar triste, deixar de se divertir, viajar, estudar, conhecer novos lugares, falar bobagens, desenvolver projetos interessantes. Se não é possível ser feliz no amor, é possível ser feliz no trabalho, nas amizades, nas relações familiares. Uma mente criativa e ativa, que se conhece, encontra sempre um plano B para todas as crises da vida.

- Sílvia Marques

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

do mundo interno ao mundo externo.


No auge do meu sentimento de "sei lá o quê" escrevi um e-mail, falando e explicando todos os porquês e poréns de um mal entendido que rodeou uma amizade muito querida, achei que meu mundo estava caindo e coisas do gênero (essas coisas de canceriana, filha da lua).

Chego no escritório e encontro uma lista sobre a minha mesa. Na lista, estavam todos os acontecimentos mundiais da última semana e no final uma pergunta: "O drama acabou?". Nos olhamos, gargalhamos, tomamos café e a amizade está intacta.

Daí eu paro e penso: Enquanto eu estava aqui, preocupada com meu mundo interno (ou próprio umbigo, em outras palavras) o mundo em que vivo está em caos total: Atentados, ataques, guerras, desastres naturais, desastres criminais, fome, miséria, violência.

É, acho que não posso (e nem quero) abrir minha boca pra reclamar sequer um "aí".
É, acho que precisamos de mais amor, mais fé, mais esperança e mais doação/atenção para as coisas que são realmente um problema. Vigiar nossa mente, a cada segundo do dia, para que pensamentos ruins não façam dela morada e para que palavras ruins não saiam mais de nossas bocas (e dedos).

Agora sim, um bom dia: um bom dia leve...

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Um anjo.

Escrevo pra te contar que mais um quase-amor acabou, escrevo pra te contar que igualzinho todas as vezes: Eu chorei, esperneei, fiquei com cara de sapo, doeu, perdi a forme e o sono. Só que dessa vez eu não fiz escândalo, não contei pra ninguém que a cicatriz do passado abriu e juntou com o novo arranhão e por isso doeu. Que misturar dores dá uma ressaca mais intensa que misturar bebidas. Não contei, pois ninguém me entenderia como você sempre fez.

E por isso te escrevo.

Escrevo porque isso me fez sentir uma tremenda falta de você.
De você e da sua companhia, de você e das nossas incontáveis conversas, de você e do seu jeito maluco de trazer humor para os dias. Senti falta de suas teorias malucas, de você e da nossa cumplicidade absoluta, de você e dos nossos segredos e confissões. Dos filmes antigos, das discussões sobre livros, de todas as rolhas de vinho.

Senti falta de você e das possibilidade de poder contar tudo a alguém que não vai julgar, não vai sumir, não vai criticar.

Queria mais uma vez, poder chorar mais uma dor com você. Poder contar o quanto eu me enganei e o quanto acreditei que as pessoas realmente dizem quem são.

Queria ver você me preparar uma sopa, me arrumar no sofá e dizer que tudo (como sempre) vai passar.

E você estando aqui, tudo.
T-U-D-O mesmo.
Tudo ia passar.

Que os anjos estejam te cuidando bem...

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Tomei um Xeque-Mate!

Sim, estou com uma tremenda vontade de chorar.
Sim, estou querendo colocar pra fora toda essa angustia presa aqui dentro. 
Toda essa dúvida. 
Todo esse medo.
    
    Toda essa vontade de ter você, viver você, estar com você, tocar você, amar você, me entregar para você, toda essa vontade de acreditar em você. Vontade que está paradoxalmente conflitante aos sinais que você não emite: a vontade que você não apresenta, ao sentimento que você não demostra, ao esforço que me nega e ao silêncio que você sempre faz.
    
Eu não me reconheço assim, frágil. 
Mas me fragilizei quanto entrei no jogo de forma errada - tirei a armadura bem na entrada. A deixei ao lado dos sapatos e das armas. Achei que seria mais honesto não me travestir de nada, suponto que era assim que você jogava.
O jogo parecia equilibrado após alguns contratempos passados.
O jogo virou contra mim, como uma tempestade: Pisei em vidros quebrados com meus pés descalços, tomei um golpe perto do peito. Doeu. Está doendo. Está passando.
    
Se sua intenção é criar barreiras sentimentais, pode ir embora, desta forma eu não quero mais jogar. 
Não vou te expor, me envolvi demais pra te magoar.
    
Você ganhou!
"Xeque-Mate!" (Agora pode falar, não vou revidar.)

(?!)

E mais uma vez fui eu a criar a história de amor perfeita em cima de algo que eu havia acabado de conhecer. Fui eu a ignorar os sinais. Fui eu a abafar os fatos. Fui eu a acreditar nas palavras. Fui eu a duvidar do anjinho que me aconselhava. Fui eu a suspirar. E também fui eu a perder de vez todo o ar.

Eu o queria. Queria como a muito tempo não quis alguém.
Eu quis ouvir suas dores e guarda-las no meu peito, deixar que ele respirasse em paz por um momento. Quis que aquele olhar penetrasse cada vez mais fundo na minha alma, quis que aquele amor transcendesse a minha calma... Entregue a magia do tempo, fui incapaz de entender o sentimento: precipitei o momento, a entrega, a espera, batendo de frente com a consequência mais sincera: as frequências não são as mesmas, as vontades são conveniências e que talvez o melhor seja sair de cena.

Não tem como esconder o que o coração grita e ele geralmente é meio vidente e completamente inconsequente. 

Vidente pois sabia exatamente onde tudo ia dar.
Inconsequente por ainda querer, querer e desejar.

Foi. 
Passou. 

Mais uma pra bagagem.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Nada foi por acaso.

Não foi por acaso que eu mudei a rota, sai da toca, me deixei guiar. Não foi por acaso que eu fui parar ali, sentei naquela mesa e compartilhei algumas certezas. E foi menos culpa do acaso ainda, o fato dos olhos dele serem tão quentes e penetrantes, fazendo com que eu me perdesse por instantes.


Ele chegou como uma explosão de sentimentos.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

rascunho

Ele tinha o beijo mais doce do mundo, mas eu ainda nem sabia se ele merecia um texto meu. Era doido de bom, era sentido de intenso.

Ele chegou assim: desafiando a minha compostura madura, o meu controle sobre qualquer demosntração de afeto, a minha segurança toda blindada. Ele desafiou o sentido, o instinto. Ele me fez sentir medo, logo eu que não mais me entregava, senti de repente um medo tremendo de não viver aquilo.

Eu queria, e queria mais. E sentia mais. E controlava mais, E perdia o controle.


sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Soneto da Fidelidade, por Vinícius de Moraes.

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


- Vinícius de Moraes